



ENTRE TEMPOS
- A imagem fotográfica como ruína -
Aborda-se através deste trabalho a noção de arquivo como sistema de discursividade e a ideia de memória como uma estrutura seletiva de construção do próprio sentido da história e do real.
Um conjunto de fotografias encontradas ao abandono numa casa devoluta servem como matéria prima para este trabalho. Imagens respigadas são usadas como forma de pensar as questões da imagem fotográfica como ruína, como vestígio de um acontecimento que se quis congelar para além do tempo e neste sentido falamos de um punhado de imagens que flutuam entre tempos, entre um presente e um passado que soçobra num futuro. Walter Benjamin discorreu sobre as questões da imagem fotográfica como vestígio, como rastro do real.
Estas imagens por terem sido abandonadas numa casa devoluta por cerca de 30 anos, têm impressas em si camadas outras de narrativa que lhes são conferidas pelo desgaste do tempo e deste modo temos uma radicalização da imagem como ruína, como espora de um tempo transcorrido.
Explorando noções de memória e de meta-memória, este projeto problematiza não só as questões da memória, mas também as questões do conhecimento que se tem dessa memória, o que é real e o que é ficcional. E neste sentido se investiga a imagem fotográfica como dispositivo que encerra em seus meios de produção, um tempo descontínuo, estabelecendo uma relação dialética entre passado e presente, aparência e ocultação, documento/ monumento, verdade/ mentira, vida/ morte.
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Num tempo histórico pautado pela ascensão dos neofascismo o conhecimento da própria História é crucial para a defesa da democracia e da liberdade.
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FICHA TÉCNICA
Caixas: 12x12x5 cm (x10);
Corrente de luzes Led;
Impressões digitais em vinil.
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2022-2023
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Nota: Electrificação das caixas, cortesia de Miguel Heleno.