

Desenho montado fora de portas | Fotografia cortesia de Hugo Carvalho Araújo



Imagens do desenho em processo de criação.
Próteses de desenho em utilização.


Pormenor do desenho como rasto de ação de um corpo e dos objectos contidos nesse espaço.
Pormenor de desenho/ mapa.
170 m2
Esta trabalho foi desenvolvido ainda no âmbito corricular no plano de estudos para a licenciatura (2004), na Faculdade de Belas Artes do Porto e resulta de uma vontade de pensar o desenho como um catalisador do imprevisto, do erro e do imponderável. Sendo estes os vectores que se apresentam como força narrativa per si, bem como as possíveis relações, que determinado corpo estabelece na sua mobilidade com outros corpos ou objectos que habitam e/ou coabitam um mesmo espaço. Deixando um rasto, que é (aparentemente) hipótese de imagem ou antes desenho em potência.
Mapeamento do quotidiano habitacional, por intermédio dos dispositivos de desenho, surge como um construtor de meta-narrativas, como um diário gráfico do gesto performativo do quotidiano, sendo os dispositivos de desenho um artefacto protésico, que simultaneamente é mediador e tradutor da conversão do movimento em produção de imagem. Objectos e corpos interagem, deixam marcas e desenham-se mutuamente, numa convivência que não é pacífica porque é, em alguns momentos, imprevisível. Sendo esta imprevisibilidade, esta cao errância que no presente projecto surge como força tácita do desenho. O imprevisível, aliado ao resultado conquistado ganha, neste contexto, um novo significado, um novo folgo, apenas traduzível na possibilidade da procura no caos, de um certo sentido de vivencialidade do espaço, que é gesto, que é parte de movimento, que é desenho. Desenho este que pode, legitimamente, ser entendido como uma economia de sentido linear narrativo, mas configura-se principalmente como gestão do aleatório, onde é a pura e simples transgressão das normas que constrangem a habitabilidade (por norma habitam-se espaços, não desenhos), que constrói/ reconstrói por seu turno o desvio, normalizando o imprevisível. Um desenho que comporta toda a espessura dos gestos, dos movimentos, possíveis ou que se quiseram possíveis naquele espaço/ desenho.
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Em 2013 este projeto dá origem ao artigo:‘Desenho como cartógrafo do quotidiano habitacional’, comunicado no congresso DUT - Drawing in UniversytiToday, Porto.
FICHA TÉCNICA
Materiais: Papel de cenário; marcadores de tinta permanente; caneta; lápis.
Nota:
Desenho que foi executado na casa onde vivia em 2004, onde todo o chão foi forrado a papel de cenário, o resultado acaba por ser uma planta de uma casa à escala 1x1.